Como comprar moto usada ?
- Johnny Rider
- 17 de out. de 2016
- 5 min de leitura

Quando se fala em comprar uma moto usada, é necessário estar atento a uma série de detalhes. Antes de mais nada, é fundamental definir "qual moto comprar". Diante de tantas variedades disponíveis no mercado brasileiro, o primeiro passo para comprar uma moto (seja usada ou nova) é definir "qual o modelo" vai atender às suas necessidades / expectativas. Detalhes como o tipo de utilização (uso urbano, off road, misto, trabalho, passeio, viagem) e a adequação à situação individual do comprador (características físicas como estatura, peso, saúde - por exemplo problemas de coluna, hérnia, etc) fazem toda a diferença.

Feita a escolha do modelo, o próximo passo é a pesquisa de preços, e muitas vezes a melhor alternativa é a compra de uma moto usada.
Para fazer uma boa compra, é preciso sempre pesquisar bem as opções disponíveis, e avaliar com atenção, para não ter surpresas desagradáveis e não se colocar em risco.
É preciso ter em mente que baixa km não significa moto bem cuidada, principalmente em motos esportivas (que têm muita força, trabalham com giro muito alto e sofrem desgaste mais rápido devido à alta potência que desempenham). Ainda mais se o dono for tiver utilizado a máquina com manobras exibicionistas. O que vale é o estado de conservação e a procedência (perfil do proprietário).
PONTOS A SEREM INSPECIONADOS:
1- Documentação: uma moto com documentação irregular, multas ou quaisquer tipo de pendências significa dor de cabeça. Por isso, é o primeiro aspecto a ser avaliado. Sem documentação "ok", nem vale a pena avaliar a moto.
2- Estado geral: com a moto limpa, ande ao redor dela e dê uma olhada geral, para ter uma "visão macro" do conjunto. Faça isso à luz do dia. Evite lugares com iluminação artificial (como garagens, por exemplo), pois muitos pontos ficam obscuros (JAMAIS à noite). Observe a existência de empenos, desalinhamentos, desproporcionalidades (por exemplo, folgas diferentes em itens semelhantes), soldas, trincas, retoques de pintura e adesivos (que podem encobrir batidas reparos oriundos de batidas fortes e que podem ter comprometido componente).
3- Teste Estático:
a) Motor: inicialmente, a região do motor deve estar limpa e com motor frio para a inspeção desse item. Verifique o nível de óleo do motor e sua coloração / aspecto de viscosidade (óleo "grosso" e escuro significa que já perdeu suas propriedades de lubrificação e refrigeração há tempos e com isso, grande possibilidade de desgaste prematuro dos componentes internos do motor). Ao dar a partida, verifique a facilidade / dificuldade do motor entrar em funcionamento (partida à frio) e a presença de ruídos (por exemplo, válvulas batendo) ou fumaça no escapamento logo nos primeiros segundos de funcionamento. Deixe funcionando por alguns segundos e avalie a marcha lenta e o funcionamento da instrumentação (indicadores de pressão de óleo do motor, temperatura e conta-giros - se houver). Dê uma leve acelerada e solte rapidamente o manete para perceber a resposta do motor (repita o processo com a embreagem acionada). Avalie quaisquer ruídos diferentes nesta etapa. Enquanto o motor aquece, verifique a presença de vazamentos de óleo no motor (inclusive por baixo, pois o óleo certamente escorrerá e ficará visível em algum ponto). Assim que o motor atingir a temperatura de trabalho, dê uma acelerada um pouco mais forte e observe se há fumaça azulada no escapamento (isto pode indicar óleo do motor sendo queimado, que é um mau sinal). No geral, o motor não deve ter ruídos anômalos, como metais ou peças "batendo", vibrando ou vazando óleo. A resposta de aceleração deve ser imediata e a marcha lenta constante (sem oscilações). Não deve haver odores (como excesso de combustível ou óleo queimado) nem fumaça, especialmente azulada. Consulte um mecânico se tiver dúvidas sobre este item. Deixe o motor em marcha lenta e verifique o funcionamento da ventoinha (caso seja uma moto com refrigeração líquida), bem como nível e possíveis vazamentos de líquido de arrefecimento.
b) Suspensão: Verifique se as folgas (espaçamento entre componentes) estão próximas, ou se há disparidade. Os amortecedores não podem conter vazamentos nem rugosidade na superfície (pois podem danificar os retentores e provocar perda de óleo), e devem ter resposta hidráulica satisfatória ("amortecimento" ao comprimir a moto para baixo, tanto na dianteira, como na traseira). Avalie a presença de soldas, empenos e curso irregular dos componentes ao comprimir / distender a suspensão. A suspensão deve trabalhar com bom grau de amortecimento, sem vazamentos e com curso harmônico.
c) Relação / Transmissão: Observe desgastes nos dentes das engrenagens (coroa e pinhão não devem ter "dentes pontudos") e anormalidades na corrente (elos quebrados, travados, com mais de uma emenda, etc). O aspecto e o estado de limpeza / conservação / lubrificação do kit relação dará boa noção sobre as condições do ítem. Em caso de transmissão por correia, verifique o estado das polias quanto a soldas ou trincas, bem como a área de contato com a correia, para que nada venha a danificá-la. Em caso de transmissão por eixo cardã, verifique a presença de vazamentos e consulte o km da última troca de óleo.
d) Elétrica / Instrumentação: Acione todos os dispositivos elétricos e verifique o funcionamento. Setas (dianteiras e traseiras), piscas, faróis (alto, baixo, lanterna - se houver), iluminação da placa, buzina, painel e todos os itens de instrumentação. Verifique a aparência dos chicotes elétricos quanto à proteção e roteiros. Não deve haver emendas, roteiros inadequados (onde possa haver movimentação ou haja contato com peças de alto aquecimento, como o sistema de escape) e falta de proteção (térmica ou de umidade). Atenção especial com acessórios instalados na moto, principalmente no sistema elétrico. Deve haver dispositivo de proteção (fusível) para todo circuito elétrico, e as cargas instaladas devem ser balanceadas, para evitar sobrecargas e aquecimentos; bem como respeito à todos os requisitos de instalação elétrica na moto (cabos, conectores, roteiros, dimensionamento, proteção, etc).
e) Pneus: dianteiro e traseiro devem ser do mesmo conjunto e estar com os sulcos maiores que o limite do "TWI". Não deve haver desgaste irregular, remendos ou calombos. As especificações do fabricante devem ser respeitadas com relação ao tamanho, modelo e composição dos pneus.
4- Teste dinâmico: Feita a avaliação estática (moto parada), é hora de andar nela e avaliar: a arrancada não deve ocorrer sem vibrações ou ruídos ao soltar a embreagem; a frenagem deve ser sem ruídos e sem apresentar esforço ou desvio do movimento da moto para nenhum lado; o engate das marchas deve ser preciso e as retomadas sem oscilações; o curso da suspensão deve ser amortecido e sem ruídos ou torções de quadro; o guidão não deve oscilar em nenhuma faixa de velocidade ao aliviar o peso das mãos nos manetes (não recomendo soltar totalmente as mãos, por questões de segurança); e não deve haver ruídos (peças soltas ou batendo) durante o trajeto. É recomendável trafegar em trechos de asfalto para avaliar o conjunto (motor, rolamentos, freios, transmissão, etc) e em ruas de paralelepípedo, para avaliar suspensão e ruídos diversos. Ao encerrar o teste dinâmico, verifique novamente a presença de vazamentos nos amortecedores, motor, freios e sistema de arrefecimento (se for o caso ).
Além dos testes, uma boa conversa com o proprietário poderá dar mais detalhes sobre o nível de cuidado e de manutenção da moto. Transparência e diálogo são sempre as melhores ferramentas para um bom negócio.
Se tiver dúvida em algum dos itens, pesquise a respeito ou consulte um bom mecânico.
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